quarta-feira
Reciclagem é ponto forte em Goiânia
Dayse Luan - Na última sexta-feira, 8 de novembro, foi
celebrado o Dia Mundial do
Urbanismo. E um dos pontos que contribuem para
o bom andamento deste
tema é a reciclagem. Em um
ranking nacional sobre reciclagem, divulgado em julho
pelo jornal Folha de S. Paulo, Goiânia ocupa a terceira
posição ao reutilizar 5,7%
do lixo que gera. A capital de
Goiás ficou atrás apenas de
Florianópolis (SC) e Palmas
(TO), que reaproveitam 6%
de todo o montante de resíduos sólidos que produzem.
Para fazer jus ao reconhecimento, a capital goiana conta desde 2008 com
o programa Coleta Seletiva
que implantou na cidade
o serviço de coleta seletiva
porta a porta, e que atualmente atende a mais de 545
bairros. Mas antes disso, já
no fim da década de 1990
empreendimentos imobiliários na cidade adotavam
práticas de reciclagens,
como o Aldeia do Vale, condomínio horizontal de alto
padrão localizado na região
leste da capital, e que é pioneiro nesse tipo de prática.
De acordo com o supervisor do núcleo de conservação, limpeza e meio
ambiente do Aldeia do Vale,
Eustáquio Teixeira Júnior, os
cerca de 3 mil moradores do
residencial são orientados a
separar o lixo orgânico, reciclável e sanitário diariamente. Segundo ele, por mês,
são separadas, aproximadamente, 70 toneladas de
resíduos orgânicos e 11 toneladas de recicláveis. Conforme Eustáquio, a grande
maioria dos moradores do
condomínio já é engajada
à prática de reciclagem e o
volume do que é arrecadado vem aumentando consideravelmente nos últimos
anos. “Para acelerar o processo, o condomínio contratou um agente ambiental
para intensificar as ações de
orientação e conscientização”, explica.
Eustáquio revela que
além da conscientização
ambiental, a coleta seletiva gera também economia
para o condomínio, que
deixa de gastar R$ 142,00
por tonelada de material
descartável, que deveria
ser encaminhado ao aterro
sanitário se não fosse reaproveitado. Todo material
plástico, vidros, papelões
são devidamente separados para serem comercializados com cooperativas
de reciclagem. O trabalho
conta com cinco colaboradores e resulta numa renda
mensal ao condomínio de
aproximadamente R$ 2,5
mil. “Mas é possível economizar ainda mais e gerar
mais renda. Só depende do
morador”, antecipa.
CONSCIENTIZAÇÃO NO
CANTEIRO
Bom exemplo a ser seguido, a Brasal Incorporações, empresa com atuação
em Goiânia, Distrito Federal e Minas Gerais, trabalha
a questão da reciclagem
e da coleta seletiva antes
mesmos de seus empreendimentos ficarem prontos,
ou seja, já em suas obras.
A empresa, que vinha adotando a prática em seus
canteiros, também busca
levar essas conscientização
a seus colaboradores. Em
uma de suas obras mais
recentes, a do Cena Marista, em Goiânia, palestras e
gincanas são promovidas
em parceria com a Savana
Meio Ambiente, empresa
de consultoria ambiental.
De acordo com o engenheiro civil responsável
pela obra, Leonardo Guimarães Andrade, periodicamente eles realizam
eventos voltados para a
coleta e separação de resíduos, sempre, com o intuito
de fazer dos operários multiplicadores dessas boas
práticas em suas famílias
e comunidades. “O trabalho é de conscientização, os
eventos têm momentos de
vídeos explicativos, palestras e momentos com dinâmicas e gincanas” conta o
engenheiro. Ele explica que
em cada estágio da obra são
produzidos diferentes tipos
de resíduos, e que a separação desses materiais é feita
de acordo com a necessidade de cada fase construtiva.
SABE POUCO
Uma pesquisa do Ibope
realizada em 2018 revelou
que apesar de considerar
os cuidados com o meio
ambiente uma das maiores preocupações da atualidade, os brasileiros ainda
sabem pouco sobre coleta
seletiva e com isso a prática
fica comprometida. Entre os
entrevistados, 76% admitem
não fazer nenhuma separação de resíduos em sua residência, o estudo ouviu 1.816
pessoas em todos os estados
e no Distrito Federal.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais (Abrepel), em 2017 o Brasil produziu 214.868 toneladas de
lixo, sendo coletadas apenas 196.050 delas. As outras
7 milhões, que não foram
coletadas adequadamente,
são equivalentes a 6.100 piscinas olímpicas e ilustram a
afirmação de que a coleta no
país ainda é precária. Para
Carlos Silva Filho, diretor da
Abrelpe, o déficit decorre da
falta de recursos dos municípios para o serviço e falta
de adesão da população.
Já Goiânia, apesar de
estar entre as cidades que
mais reciclam seu lixo, ainda
está longe de atender a meta
estabelecida no Plano Nacional de Resíduos Sólidos,
reciclar até 15% dos resíduos
produzidos. Na capital, 15
cooperativas conveniadas
ao programa municipal de
Coleta Seletiva são apoiadas
com espaços, materiais e recursos. Todo o lixo recolhido
pelos caminhões da prefeitura é doado a esses grupos.
De acordo com o Cempre Review 2019, estudo
realizado pela associação
Compromisso Empresarial
para Reciclagem, a reciclagem poderia evitar o lançamento de 7,02 milhões de
toneladas de gases de efeito
estufa na atmosfera e gerar
uma economia R$ 1,1 milhão por dia em nível nacional. O estudo alerta para o
longo caminho que o país
ainda tem para percorrer,
além da responsabilidade
social da prática da reciclagem correta
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